Kizomba, a festa da raça

Campeã do Carnaval 1988

Ficha Técnica

Presidente: Lícia Maria Maciel Caniné
Autor do Enredo: Martinho da Vila
Carnavalesco: Milton Siqueira, Paulo César Cardoso e Ilvamar Magalhães
Diretor de Carnaval: Martinho da Vila
Diretor de Harmonia: Jaiminho da Harmonia
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Mariazinha e Carlinhos Brilhante
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Tuca e Bira
Coreógrafo da Comissão de Frente: Éder Jô
Bateria: Mestre MUG




Classificação: Campeã
Pontuação: 224 pontos
Ordem do desfile: 6ª Escola de 15/02/88, Segunda-Feira


Samba Enredo

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Autores: Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila

Intérprete: Gera e Jorge Tropical

Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição
Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu

Vem menininha pra dançar o caxambu

Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular
O sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção

Esta Kizomba é nossa Constituição

Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais

Vem a lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é nossa sede
De que o "apartheid" se destrua

Sinopse do Enredo

Kizomba é uma palavra do Kimbundo, uma das línguas da República Popular de Angola.

A palavra Kizomba significa encontro de pessoas que se identificam numa festa de confraternização.

Do ritual da Kizomba fazem parte inerentes o canto, a dança, a comida, a bebida, além de conversações em reuniões e palestras que objetivam a meditação sobre problemas comuns.

A nossa Kizomba conclama uma meditação sobre a influência negra da cultura universal, a situação do negro no mundo, a abolição da escravatura, a reafirmação de ZUMBI DOS PALMARES como símbolo de liberdade do Brasil. Informa-se sobre líderes revolucionários e pacifistas de outros países, conduza-se a uma reflexão sobre a participação do negro na sociedade brasileira, suas ansiedades, sua religião e protesta-se contra a discriminação racial no Brasil e manifesta-se contra a apartheid na África do Sul, ao mesmo tempo que come-se, bebe-se, dança-se e reza-se, porque, acima de tudo Kizomba é uma festa, a festa da raça Negra.

Apresentamos uma escola com características negras, onde todos os sambistas são autores em desfile no Carnaval do Centenário da Abolição da Escravatura.

A miscigenação ficará marcada com a apresentação de um quadro denominado QUILOMBO DA DEMOCRACIA RACIAL, onde negros, brancos, índios, caboclos e mestiços, em geral, estarão irmanados em desfile.

Foram convidados personalidades da África do Sul e da Angola, países estes que participarão do evento a ser realizado em novembro de 1988.

Grupos folclóricos brasileiros de outros estados que participaram das Kizombas, também estarão representados.

Os artistas e intelectuais que são considerados kizombeiros participarão do desfile no quadro KUDISSANGA KWA MAKAMBA, que quer dizer, ENCONTRO DE AMIGOS.

Paulo Brazão, um dos fundadores da escola, será o Abre-Alas, representando um SOBA, o grande chefe e o desfile encerrar-se-á com um grupo de samba no pé, logo depois do quadro que reverencia os grandes líderes tendo a frente a Ala Anti Apartheid.

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